quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Solução para a falta de profissionais.

Não há como negar que o Brasil deu um salto em desenvolvimento nos últimos anos, especialmente quando o assunto é infraestrutura. Mas ainda existe um gargalo importante no processo que pode frear o crescimento do país: a falta de profissionais de engenharia. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a demanda anual por engenheiros é superior a 60 mil profissionais. Considerando o cenário atual, sem contar as demandas futuras, como pré-sal, Olimpíadas e Copa do Mundo, o déficit chega a 150 mil engenheiros até 2012.

PRINCIPAIS DEFICIÊNCIAS

Segundo o coordenador do grupo, professor Sandoval Carneiro, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, o objetivo principal do Plano Nacional Pró-Engenharia, proposto para ter resultados no curto prazo, é reduzir a elevada evasão registrada nos cursos da área – 60% em média, considerando instituições públicas e privadas. “Cerca de 500 faculdades de engenharia que estão em funcionamento no Brasil ofereceram, em2007, 198 mil vagas, disputadas por 450 mil estudantes. Mas apenas 11 mil foram preenchidas", ressaltou.

De cada 840 alunos que entram na universidade, apenas um irá fazer engenharia.

Segundo o professor Roberto Lobo, presidente do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação da Ciência e da Tecnologia, hoje o Brasil forma 30 mil engenheiros por ano número bastante inferior em relação aos outros países do BRIC – a Índia forma 120 mil, a Rússia 220 mil e a China, 350 mil – e que indica a defasagem do país na formação de engenheiros.

UM OBSTÁCULO ?

Uma evasão nos dois primeiros anos de cerca de 50% dos estudantes abando-

nam o curso”, diz o coordenador do Inova Engenharia. “Os cursos atuais não discutem problemas centrais e atuais da engenharia, como a comunicação oral e escrita, o domínio de outro idioma, o trabalho em equipe, o conhecimento do mercado, a liderança e também a formação cultural e social em caráter poli, inter e pluridisciplinar. A engenharia precisa

dessa interconexão das disciplinas”,conclui Marcos Formiga.

NOVAS NECESSIDADES

O decano do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), engenheiro Walter Issamu Suemitsu, considera o papel da universidade deve

ser formar um profissional crítico e atribui o excesso de disciplinas teóricas

nos primeiros anos dos cursos de engenharia à deficiência do ensino médio.

“Eu acredito que a grande evasão dos cursos de engenharia pode estar, sim, ligada ao excesso de teoria. Mas, por outro lado, existem disciplinas que não podemos evitar, já que os alunos não vêm bem preparados do ensino médio. Eu só acho que o ensino da engenharia está muito fragmentado, não existe uma integração dos conhecimentos e das disciplinas. Na maioria das vezes, o estudante não sabe por que está estudando aquilo. Além disso, eu vejo que nas universidades do exterior já existe um direcionamento para outros aspectos, como a questão da liderança e da ética, e de poder se adaptar a situações diversas. A quantidade de conhecimentos é muito grande. O mais importante é o engenheiro ter essa capacidade de motivação”, conta.

fonte : revista CREA - RJ 84 set/ out.